A flora do Parque Natural de Montesinho destaca-se pela sua elevada diversidade e quantidade de espécies raras, entre elas diversos endemismos.
As condições geológicas, climáticas e orográficas que imperam nesta região, associadas a uma intensa atividade humana, contribuíram para o aparecimento de variados tipos de comunidades vegetais.
Algumas plantas são anuais e de entre as perenes ou vivazes, há muitas árvores e arbustos de folha caduca, que apresentam aspetos diferentes ao longo do ano. Portanto, se quiser conhecer bem a flora, terá que visitar o Parque nas várias estações do ano.
Ao longo do percurso encontrará um leque diversificado de plantas da região.
1 – Vegetação Ultrabásica
Maciço Ultrabásico de Bragança-Vinhais
O noroeste de Portugal encerra uma geologia muito particular, apresentando rochas básicas e ultrabásicas raras no contexto europeu. O Maciço de Bragança-Vinhais apresenta rochas de cor predominantemente escura, apesar de as ultrabásicas poderem apresentar, por vezes, uma tonalidade esverdeada e brilhante.
As rochas ultrabásicas geram solos muito seletivos para as plantas – solos serpentínicos. Nestes encontramos menos espécies de plantas, mas um elevado valor de endemismos – plantas com distribuição restrita, neste caso exclusivo das rochas ultrabásicas transmontanas.
2 – Lameiros
Os lameiros, também designados por prados ou pastagens de montanha, constituem um biótopo representativo das terras altas do Norte do País.
São territórios de grande riqueza e complexidade florística e faunística.
É possível encontrar nos lameiros uma grande variedade de plantas, incluindo diversos endemismos.
O Homem mantém e utiliza estes prados permanentes para a produção de feno e pastoreio de gado e a sua existência depende da aplicação e manutenção de um sistema de rega que utiliza a força da gravidade para conduzir a água proveniente, por exemplo, de nascentes.
3 – Vegetação Ripícola
Ao longo das linhas de água, existem três tipos principais de bosques ripícolas na região: freixais, amiais e salgueirais, contudo é possível ainda encontrar outra vegetação associada a estas zonas ribeirinhas.
A vegetação ripícola é essencial para os ecossistemas fluviais, ao representar habitats únicos, fomentar a biodiversidade e a produtividade biológica; contribui com matéria alimentar para os sistemas aquáticos, retém os sedimentos da erosão hídrica e os nutrientes de lixiviação, para além da sua importância a nível paisagístico, mantendo ainda seguras as margens dos cursos de água.
4 – Carvalhal
Os bosques de carvalhal-negral, Quercus pyrenaica são um dos principais tipos de vegetação arbórea autóctone da região. Devido à sua extensão e estado de conservação, os carvalhos desta região são considerados dos mais importantes bosques de carvalho-negral da Europa.
Estes bosques são de grande riqueza, proporcionando espaços de abrigo, reprodução ou alimentação e têm uma notável importância na conservação da flora albergando uma grande diversidade de espécies tanto no seu interior, como nas orlas.
O carvalho-negral cumpre funções fundamentais na formação do solo, na proteção contra a erosão e regularização dos leitos dos rios e ribeiras, são importantes na conservação da água, da fauna, flora e fungos.
Valorizam a paisagem, criando espaços de recreio e lazer e proporcionam a possibilidade de utilização pastoril.
5 – Floresta de Produção
Os soutos de castanheiros, Castanea sativa têm uma grande representatividade na região. Alguns deles, ainda são testemunhos vivos da história secular da região e joias valiosas do património natural.
A produção de castanha é o objetivo principal, sendo também aproveitada a árvore para madeira.
A cerejeira, Prunus avium encontra-se amplamente distribuída pela Europa, é autóctone em Portugal é em todo o Norte do País.
O seu fruto gera um bom rendimento aos produtores, sendo a espécie silvestre a base alimentar de numerosas variedades de aves.
A cerejeira é muito procurada pela sua madeira de qualidade para o uso em mobiliário.
Nos povoamentos florestais da região é possível ainda identificar uma série de espécies cultivadas para a produção de madeira, entre as quais se destacam, o Cupressus lusitanica, Cupressus sempervirens, Juglans regia e algumas do género Pinus e Pseudotsuga.